BNDES retomará financiamento de empresas brasileiras para realizar obras no exterior

BNDES retomará financiamento de empresas brasileiras para realizar obras no exterior

Governo enviou ao Congresso nesta segunda (27) pedido de autorização para o BNDES financiar projetos. Meta é retomar engenharia brasileira, reiniciando ciclo de crescimento interrompido pela Lava Jato e Golpe de 2016

Fernando Frazão/Agência Brasil)

BNDES: recuperando o tempo perdido após perda de R$ 172,2 bilhões em investimentos por causa da Lava Jato

O governo Lula enviou ao Congresso nesta segunda-feira, 27, pedido de autorização para o BNDES voltar a financiar empresas brasileiras interessadas em realizar obras e serviços no exterior.

A meta é retomar e impulsionar a engenharia brasileira, reiniciando o ciclo interrompido com o golpe de 2016, e deixar para trás os seis anos de desmonte da indústria nacional executado pela Lava Jato, operação que fez com que Brasil perdesse investimentos no valor de R$ 172,2 bilhões. O total equivale a 40 vezes os R$ 4,3 bilhões que o Ministério Público Federal diz ter recuperado aos cofres públicos com a Lava Jato.

Além disso, o país perdeu 4,4 milhões de empregos, R$ 47,4 bilhões em impostos e R$ 20,3 bilhões em contribuições sobre a folha, além da redução da massa salarial em R$ 85,8 bilhões, segundo estudo do Dieese.

“O novo marco de exportação tem um papel estratégico de estimular a exportação das empresas brasileiras. É importante que as elas ganhem mercado, ganhem escala. O BNDES já tinha as regras e agora vamos colocá-las em lei, para construir um marco bem forte e bem robusto”, afirmou ao site do PT o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon.

“É isso que a gente pretende, apoiar ao máximo o setor empresarial para ser mais exportador. Esse é o foco do projeto que pretende contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil”, disse ele ao enfatizar que todos os processos tem sido pactuados com o TCU, que tem sido muito colaborativo.

A proposta de criação de um banco de importações e exportações, um Exim Bank, como já existe em outros países, é estratégica para alertar o setor empresarial sobre a importância da exportação.

“Vai ser um CNPJ sem aumento de custos pois usará quadros de pessoal do próprio BNDES. É uma sinalização importante para o setor empresarial e para o mercado sobre o apoio do BNDES ao financiamento da exportação que pretende voltar, ser mais forte e contribuir para as empresas brasileiras a ganharem mercado internacional e gerarem empregos no Brasil”, salientou.

Eixos de atuação segue padrões internacionais e transparência

Por outro lado, o marco de exportação de serviços tem papel importante ao contribuir para a volta da atividade de financiamento de exportação de empresas brasileiras que queiram exportar suas atividades e serviços, que vão desde engenharia até serviços de software, de audiovisual e outros. A ideia é poder diversificar também as diferentes possibilidades de serviços que possam ser apoiados, com três eixos estratégicos. O primeiro é seguir os padrões internacionais como os da OCDE e da OMC.

O segundo eixo é constar em lei o que o BNDES já faz que é disponibilizar tudo no site do banco. “O BNDES foi considerado pelo TCU e pela CGU como a instituição pública mais transparente do Brasil”, assinalou Gordon. Ele acrescentou que o BNDES irá uma vez por ano ao CAE do Senado para fazer prestação de contas “de forma transparente”. Por último, o diretor esclareceu sobre os países que estão inadimplentes não poderão se tornar credores do BNDES.

Dados de relatório do BNDES destroem fake news

O BNDES financia a empresa brasileira exportadora, não financia outro país!”, declarou o ministro chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, em suas redes sociais em 24 de janeiro, neutralizando uma fake news recorrente. “O que é feito pelo BNDES é o financiamento para exportação de serviços de empresas brasileiras, com agregação de valor e geração de empregos qualificados no Brasil”, escreveu.

A proposta do BNDES, que financia operações para obras de engenharia no exterior desde o final dos anos 1990, é fazer com que o país volte a ter ganhos tanto do ponto de vista da geração de emprego e renda quanto dos lucros do banco, como aconteceu de 2003 até 2015.

Relatórios de 2019 do BNDES destroem outra grande fake news bolsonarista e mostram o saldo de US$ 2,2 bilhões no desembolso de linhas de crédito para fomento à exportação de serviços de engenharia. Foram liberados US$ 10,5 bilhões e o BNDES recebeu de volta US$ 12,7 bilhões, conforme publicado pelo site Rede Brasil Atual.

“Os próprios resultados do banco, disponíveis no site da instituição, mostram lucro líquido em todos os anos ao longo dos governos Lula e Dilma”, diz o site.

O maior volume de financiamento, no período 1998 a 2017, teve como principal destino empresas brasileiras que atuaram nos Estados Unidos, com US$ 17 bilhões, Argentina com US$ 3,5 bilhões, Angola com US$ 3,4 bilhões, Venezuela com US$ 2,2 bilhões e Holanda com US$ 1,5 bilhão, numa lista de mais de 40 países.

Matéria publicada em 2022 pelo jornal Valor Econômico cita que “o banco não perdeu, mas ganhou dinheiro com o financiamento para países da América Latina e da África”.

Da Redação

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