Como a Escócia se tornou um exemplo na vacinação contra o vírus do HPV e conseguiu eliminar o câncer do colo de útero
Como a Escócia se tornou
um exemplo na vacinação contra o vírus do HPV e conseguiu eliminar o câncer do
colo de útero
Esse ano, vai fazer
uma década que o Brasil oferece, pelo SUS, a vacina contra o HPV - um vírus
sexualmente transmissível. Aplicada em crianças e adolescentes, a vacina é a
forma mais eficiente de combater alguns tipos de câncer, como o colo de útero.
Por
Fantástico
Países com alta taxa de vacinação e com
o rastreio do exame papa Nicolau conseguiram eliminar o câncer do colo de
útero. O Fantástico deste domingo (31) destacou o exemplo da Escócia.
"Todas meninas de 12 a 13 anos
da Escócia que tomaram a vacina nenhuma, hoje,
passados mais de10 anos, desenvolveu qualquer lesão de câncer", destaca a
pesquisadora da USP e Instituto do Cânce/SP, Luísa Vila.
Tim Palmer é um dos maiores
pesquisadores do mundo sobre HPV. Ele diz que o controle na Escócia deu certo porque a vacinação foi nas escolas.
"Nas escolas, eles andam em
grupo e se um aluno líder faz alguma coisa, o resto do grupo tende a seguir.
Assim nós conseguimos que mais de 80% das meninas com idade entre 12 e 13 anos
tomassem a vacina, o que é o melhor dos mundos", diz Palmer.
Palmer também menciona a experiência
da Suécia, onde a vacinação focada em pessoas acima de 20 anos resultou em uma
taxa insatisfatória de adesão
"Na Suécia, eles começaram a
vacinação no mesmo período entre 2007 e 2008, mas focaram em pessoas acima de
20 anos. Lá, a vacinação foi insatisfatória: de 50%, de 60%", conta.
Dez ano da
vacinação contra o HPV no Brasil
Esse ano, vai fazer uma década que o
Brasil oferece, pelo SUS, a vacina contra o HPV - um vírus sexualmente
transmissível. A baixa adesão, no entanto, preocupa especialistas (veja
mais abaixo).
Aplicada em crianças e adolescentes, a
vacina é a forma mais eficiente de combater alguns tipos de câncer, como o colo
de útero.
Ela é distribuída, de graça, para
pessoas de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos. Mas está sobrando dose nos
postos.
A vacina para HPV também está
disponível na rede privada para adultos, com custo de cerca de R$ 1 mil
a dose. Pode ser tomada inclusive por quem já teve contato com o vírus.
Tabus e
desinformação
A psicóloga e educadora sexual
Leiliane, que mora em Goiás, diz que o fato do vírus ser transmitido
principalmente por relações sexuais torna o assunto um grande tabu, inclusive
nas escolas. Ela, que é evangélica, também fala na internet sobre o assunto em
escolas e em igrejas.
“Nós precisamos enquanto igreja
capacitar os pais e também intervir junto às crianças. A educação sexual não é
ensinar sobre sexo. Não é erotizar a criança, não é mostrar conteúdo inadequado
para a criança. É justamente educá-la para ela vivenciar a sexualidade de
maneira saudável em cada fase da sua vida", afirma Leilane.
O Fantástico conversou
com algumas pessoas que expressam receio em relação à vacinação contra o HPV. Elas fazem referência a uma notícia que se espalhou em 2014,
na primeira campanha, no Brasil, para combater o HPV. Nessa época, só meninas eram vacinadas. Meninos foram incluídos no
calendário em 2017.
"Nenhuma
das reações colaterais, nenhum dos eventos que provocaram diferentes fenômenos,
tanto desmaios quanto problemas de caminhar. Nenhum deles, até hoje, nenhum
desses eventos e essas ocorrências foram associadas à vacina", afirma
Luísa.
Desafios na cobertura vacinal
A
cobertura vacinal contra o HPV no Brasil está abaixo dos 80% desejados
pelo Ministério da Saúde. A vacina é dada em duas doses. A primeira tem um pouco mais de adesão, mas muita gente não
aparece para tomar a segunda, principalmente os meninos.