Polícia encontra casa na Zona Oeste de SP com 33 pessoas treinadas para engolir drogas e levá-las para a Europa
Um homem de 24 anos foi preso na
madrugada desta quinta-feira (23) suspeito de aliciar pessoas para o tráfico
internacional de drogas, em São Paulo.
Segundo a Polícia Militar, ele foi
encontrado em uma casa na Vila Sônia, Zona Oeste da capital paulista. No
imóvel também foram achadas 33 pessoas que estavam sendo treinadas para engolir
drogas e transportá-las para a Europa.
Ainda de acordo com a polícia, uma
equipe foi informada, por meio de denúncia anônima, de que o imóvel servia como
alojamento para "mulas" de tráfico internacional de drogas.
Os policiais foram até o local e
perceberam que as mais de 30 pessoas que estavam morando na casa apresentaram
atitude suspeita. O homem de 24 anos, que não tem antecedente criminal, foi
identificado pelas testemunhas como o aliciador do grupo.
Durante
buscas pela casa, foram apreendidos 38 passaportes, aproximadamente mil porções de pasta
base de cocaína que estavam prontas para ser engolidas, totalizando aproximadamente quatro quilos da droga, além de
anotações do tráfico e cartões bancários.
Alguns
dos moradores da casa chegaram a relatar à polícia que engoliam cerca de 150
pacotes para viajar ao exterior, principalmente para países como França,
Espanha, Holanda e Irlanda.
Conforme
a PM, a maioria das pessoas que estava na casa era do Nordeste e estava em São
Paulo há dois meses. Eles faziam treinamentos de como dilatar o estômago para
engolir o entorpecente.
O homem de 24 anos e as 33 pessoas
foram levados para a Polícia Federal. O homem permaneceu detido e as pessoas
usadas como mulas foram liberadas após serem ouvidas.
Ainda não se sabe há quanto tempo
esse esquema estava funcionando e o caso continuará sendo investigado.
Outros casos
Na madrugada do dia 14 de
novembro, seis passageiros nigerianos
foram presos após serem flagrados com cápsulas de cocaína no estômago no
Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Segundo a Polícia Federal, policiais
faziam fiscalização de rotina, com apoio de agentes da Receita Federal, entre
os passageiros que iam embarcar para a Etiópia, quando perceberam que um deles
apresentou atitude suspeita com a presença dos agentes.
O homem
foi submetido a uma busca pessoal e a bagagem de mão do suspeito foi
fiscalizada. Ao passar pelo aparelho detector de traços de drogas e explosivos
(ETD), foi constatado que ele havia tido contato com cocaína. Indagado, o
estrangeiro confessou que havia engolido cápsulas com a droga.
Ainda
durante a fiscalização, outros cinco passageiros, que eram alvos da Receita
Federal, também foram submetidos ao mesmo exame e tiveram o resultado
semelhante de que tinham tido contato com cocaína.
Eles foram conduzidos imediatamente a
um hospital público e exames médicos comprovaram que todos os seis estrangeiros
tinham engolido grande quantidade de cápsulas contendo cocaína.
Os policiais ainda verificaram que os
passageiros possuíam Registro Nacional de Migrante e três deles desembarcariam
antes do destino final, em Kano, na Nigéria.
Além disso, os agentes também
constataram que um deles já foi preso no aeroporto, em 2017, durante
cumprimento de mandado de prisão, e outros três ingressaram no país com pedido
de refúgio.
Conforme
a Polícia Federal, os passageiros foram levados para um hospital para
realizarem procedimento para expelirem as cápsulas com a droga. Em seguida,
foram apresentados à Justiça Federal, onde irão responder pelo crime de tráfico
internacional de drogas.
América Latina
De acordo com relatório de 2021,
feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) sobre a
tendência do mercado de drogas, a América Latina é responsável pela maior parte
da cocaína apreendida no mundo, respondendo por 83% da quantidade interceptada
em 2019.
Nesse mesmo ano, segundo a Polícia
Federal, no Brasil foram apreendidas 104,582 toneladas de cocaína.
O Brasil é reconhecido no estudo como
um território de passagem de drogas e como um país corredor no comércio do
tráfico internacional de substâncias ilícitas.
Ainda de acordo com o relatório do
UNODC, dentre os estrangeiros oriundos da América Latina presos na Europa pelo
porte de cocaína, entre os anos 2018 e 2020, os brasileiros figuraram na
terceira posição em autuações e apreensão de drogas, precedidos pelos peruanos
(2ª) e colombianos (1ª).