O subversivo clã Bolsonaro e as milícias que o seguem parecem mesmo destinados à prisão. A Polícia Federal (PF) indiciou Jair Bolsonaro e seu filho 03, deputado federal Eduardo Bolsonaro, nesta quarta-feira (20), por atuarem para embaraçar o processo sobre a tentativa de golpe de Estado. A PF também apreendeu o celular e o passaporte do pastor evangélico neopentecostal Silas Malafaia, embora não o tenha indiciado.

De acordo com o relatório policial, as evidências demonstram que Bolsonaro fez “intensa produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, em afronta à medida cautelar anteriormente imposta”. Os agentes sustentam haver uma trama para coagir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares, com o objetivo de livrar o extremista de direita da cadeia.

Ainda segundo a PF, o ex-presidente chegou a transferir R$ 2 milhões à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro um dia antes de prestar depoimento nas investigações sobre a atuação de Eduardo no exterior. Em março, o deputado do PL anunciou licença da Câmara e mudou-se para os Estados Unidos (EUA), onde, em conluio com a Casa Branca, age deliberadamente para sabotar a economia e a soberania do Brasil.

O recente tarifaço de 50% determinado pelo presidente estadunidense, Donald Trump, sobre parte das exportações nacionais está incluído no rol de crimes de lesa-pátria cometidos por Eduardo, que é bancado nos EUA pelo próprio pai e por verbas públicas. Até hoje, a população do país ainda aguarda a inarredável cassação do parlamentar pelo Congresso Nacional.

Dado o conjunto probatório trazido à tona, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do processo sobre a trama golpista, estipulou 48 horas para que a defesa de Bolsonaro explique o descumprimento das medidas cautelares. Por decisão de Moraes, o ex-presidente está em prisão domiciliar, em Brasília, desde 4 de agosto, à espera do julgamento, previsto para começar em 2 de setembro.

Resta apenas saber se Bolsonaro será preso preventivamente nos próximos dias.

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Mensagens desmoralizantes

No início da noite de quarta, mensagens desmoralizantes obtidas pela PF começaram a vazar na internet. Elas relevam a relação familiar disfuncional entre Jair e Eduardo e a proeminência política de Malafaia sobre os rumos do clã, como uma espécie de Rasputin, místico russo e conselheiro do czar Nicolau II, cujo império foi abaixo pela Revolução Bolchevique, no início do século 20.

O pastor neopentecostal, entre outros rompantes, elogia a estratégia do tarifaço. “PRESIDENTE! Você voltou para o jogo. Podem usar bravatas aqui, vão ter que sentar na mesa para negociar. Você é o cerne da questão. Quem é o Brasil para peitar os EUA? Mico contra um gorila”, questiona o líder evangélico, em tom caudatário.

“O vídeo que eu vou postar daqui a pouco eu vou ao cerne da questão. A próxima retaliação vai ser contra ministros do STF e suas famílias. Vão dobrar a aposta apoiando o ditador? DUVIDO!”, ameaça Malafaia, em seguida.

Há também diálogos entre Bolsonaro e o religioso em que os dois condicionam o fim do tarifaço à “anistia ampla e total” aos golpistas do 8 de janeiro de 2023, conforme descrito no relatório da PF.

“É só resolver a questão da ANISTIA e isso acaba”, sugere Malafaia, em áudio, antes de insinuar sanções a membros da suprema corte. “Eu não quero ver os ministros do STF nem suas famílias retaliadas. É só resolver a questão da ANISTIA.”

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Nas mensagens trocadas com o pai, Eduardo, por sua vez, acabou virando meme e cristalizou uma das frases mais memoráveis já atribuídas ao clã Bolsonaro. Insatisfeito com sua situação nos EUA, o deputado desabafou, muito possivelmente por saber que será preso, caso regresse ao Brasil, assim como outros golpistas. “VTNC, seu ingrato do caralho! (sic)”, disparou.

Prova definitiva

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, chamou de “indecentes” as conversas entre os três extremistas de direita. “As mensagens trocadas entre Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia sobre a chantagem de Donald Trump são a prova definitiva da conspiração dos golpistas contra o Brasil”, resumiu a petista, por meio da rede social X.

“São conversas indecentes entre pessoas que comemoram as sanções contra nossa economia, tramam contra a Justiça e não se incomodam com as consequências para o país e a população. Quanto mais se aprofundam as investigações, mais é revelado sobre os métodos sujos da extrema-direita, sua sede de poder e seu desprezo pela democracia e pela soberania nacional”, concluiu.

Também no X, o deputado federal Lindbergh Farias (RJ), líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, lamentou o padrão de relação “desequilibrado e agressivo” entre Bolsonaro e o filho 03. O parlamentar argumentou que “o Brasil não pode se curvar a ameaças, pressões ou chantagens de quem vive de instabilidade e caos”.

“É hora de reafirmar: nossas instituições são mais fortes que os surtos autoritários de qualquer clã. O país não será refém da alucinação de uma família em colapso”, completou Lindbergh.

Da Redação