Semana da Segurança Pública é oportunidade para debater violência policial, diz Gleisi
Semana da Segurança Pública é oportunidade para debater violência policial, diz Gleisi
Presidenta do PT e deputada federal pelo Paraná alertou para o crescimento das agressões dos agentes da segurança e disse que a polícia tem que ser preparada para proteger a sociedade e combater criminosos
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A pauta da Câmara dos Deputados nesta semana será dedicada ao debate e à apreciação de projetos voltados para a segurança pública. A decisão foi elogiada pela presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “Nós precisamos disso mesmo. Temos que discutir sobre o combate ao crime organizado, sobre o tráfico de drogas, sobre a bandidagem violenta. Temos que fazer essa discussão, que é importante, e a sociedade brasileira quer fazê-la. Esta semana também vai ser muito oportuna para nós fazermos um debate aqui sobre o nível da violência policial que estamos vendo ultimamente no nosso País”, afirmou.
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Na avaliação da deputada, é estarrecedor o que os brasileiros têm assistido em relação aos policiais em São Paulo. “Eu não estou dizendo aqui que é um problema de toda a corporação, mas que temos policiais ali que sucessivamente agiram com violência contra pessoas. Isso mostra que há alguma coisa errada, é muito violento”, denunciou.
Violência chocante
Ela disse que ficou chocada ao ver na TV os casos que foram filmados. “Ali não sei se havia alguma coisa de filmagem sobre câmeras corporais, acho que foram outras pessoas que filmaram, mas é uma coisa estarrecedora”, reiterou. Gleisi fez questão de citar, da tribuna, alguns casos que foram divulgados recentemente: PM agride e machuca mulher de 63 anos, “que eu saiba ela não era traficante de drogas, nem era de organização criminosa, nem estava armada”, observou.
Gleisi citou ainda os casos da PM que arremessou homem de ponte; dos PMs que agrediram motociclistas com socos e chutes; do PM que matou homem negro com vários tiros nas costas, porque roubou sabão; dos PMs que invadiram e aterrorizaram velórios de dois jovens em Bauru; e do PM que agrediu homem na estação do Brás. “É este o problema que nós temos: quando você porta uma arma e não tem consciência do que ela pode fazer e da sua responsabilidade, acontece isso”, avaliou.
“A culpa é do comando”
A deputada ressaltou que isso (abordagem violenta) não é culpa individual dos PMs que agiram assim. “Eles agiram assim porque têm uma orientação de violência do comando de quem está na Secretaria de Segurança Pública. Vamos lembrar que quem nomeou o Capitão Derrite, que é o secretário de Segurança Pública de São Paulo, foi o Bolsonaro. O Derrite foi afastado da corporação exatamente por ser truculento e fazer abordagens violentas, que resultaram em muitas mortes, que resultaram em muitos problemas para as vítimas, mas é ele que está hoje lá, com a condescendência do governador Tarcísio [de Freitas]. É uma tristeza a polícia ter esse tipo de exposição”, lamentou.
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Gleisi concordou com o discurso de um parlamentar que defendeu os policiais, pedindo compreensão porque eles ganham pouco e arriscam a vida. “Eu concordo com isso. A polícia não é bem remunerada e arrisca a vida. Aliás, eu pergunto quais corporações e quais trabalhadores são bem remunerados no Brasil. É uma elite. Há um estudo sobre a renda no Brasil que mostra que 5% dos mais ricos começam a ganhar a partir de R$ 30 mil. Então, imaginem como ganha a maioria do povo, como os policiais e os professores?”, indagou.
Nada justifica a violência
A presidente do PT alertou, no entanto, que ganhar pouco não pode ser sinônimo de violência. “Nada justifica a violência. Porque as cenas são muito fortes. Eu fico pensando em um pai ou uma mãe vendo seu filho submetido a uma violência policial. Temos filhos jovens. Às vezes, eles aprontam, e a polícia chega, espanca, bate e até mata. Mataram um estudante de Medicina! Qual a violência que esse menino podia estar fazendo à polícia, ainda que ele fizesse desacato? Se nossos filhos também nos desacatam, vocês vão sair matando? Não pode!”, enfatizou.
Para Gleisi Hoffmann, a polícia tem que ser preparada para fazer uma intervenção com intuito de proteger a sociedade e realmente prender o bandido. “Claro, em casos graves, quando há tiroteio, problema, ninguém vai ficar contra a defesa do policial se ele matar alguém. Mas, nesses casos, não era isso que estava colocado! Então, há muita agressividade que nós não podemos permitir. Por isso, eu acho muito bons termos essa Semana de Segurança Pública, porque nós temos que discutir a violência policial”, reiterou.
Câmeras corporais
A deputada fez questão de saudar o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, que determinou o uso obrigatório de câmeras corporais por policiais militares de São Paulo. “Eu defendo. E não sou contra parlamentares também usar a câmera. Podem usar. A partir da hora em que entramos no plenário, para aqui cumprir nosso papel, nós podemos pôr câmera, não há problema nenhum, como o policial militar usa na sua ação, quando está designado para ir àa rua. Da mesma forma como nós estamos designados para vir para o plenário, para as comissões. Eu não tenho problema nenhum quanto a isso. Eu acho que, quanto mais transparência tivermos com a sociedade, melhor. Sempre defendemos isso”, enfatizou.
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Gleisi explicou que, com o uso da câmera, o próprio policial vai ser filmado para saber como é que ele lida com traficante e como ele lida com o cidadão comum que, às vezes, comete um delito, um desvio ou agressão com o policial ou com outra pessoa. “Nós precisamos saber disso. O que não pode continuar acontecendo é essa barbaridade da sequência de violência policial que nós tivemos em São Paulo”, reforçou.
A deputada conclui afirmando que não é justo só o policial que cometeu a violência pagar. “Quem tem que responder mesmo é o secretário de Segurança e o governador, porque eu não tenho dúvidas que, se o policial age com violência desse jeito, é porque tem um comando. Age como se estivesse numa guerra contra o seu povo, contra a sua população. Isso vem do comando. Então, o comando tem que ser o primeiro a ser punido em casos de violência como esses”, afirmou.
Do PT na Câmara