Com desempenho surpreendente, PIB leva pânico à Faria Lima
Com desempenho surpreendente, PIB leva pânico à Faria Lima
Alta de 0,9% no terceiro trimestre levou o mercado a revisar para cima as projeções para 2024 e apontar como nocivos à economia o aumento dos empregos e da renda: “Deviam estudar mais e especular menos, para o bem do Brasil”, diz Gleisi
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A depender da vontade do mercado e de seus sócios na grande mídia, o Brasil continuará sendo um dos campeões mundiais de concentração de renda e de desigualdades. As reações nervosas à divulgação de que, no terceiro trimestre, o PIB cresceu 0,9%, mais uma vez surpreendendo as previsões pessimistas dos ‘analistas’, confirma que, para o andar de cima, qualquer sinal de melhora nas condições de vida na base da população deve ser combatido, com ameaça de juros e dólar nas alturas.
Os números do PIB foram divulgados na terça-feira (3), quando o IBGE apontou que a alta de 0,9% no terceiro trimestre indica um crescimento de 4% em um ano. Com esse resultado, o mercado foi mais uma vez obrigado a revisar as projeções para o PIB de 2024, passando de 3% para 3,5%. Também o Ministério da Fazenda anunciou que fará uma revisão, para cima dos 3,3% projetados anteriormente.
Esse desempenho reflete a manutenção de um cenário montado por aumento dos empregos, da renda das famílias, das vendas no comércio e dos investimentos, entre outros fatores que confirmam o acerto da política macroeconômica do governo Lula, focada em garantir oportunidades para todos os brasileiros.
Pânico na Faria Lima
Mas foi só sair o resultado do PIB para a turma da Faria Lima mais uma vez disparar alertas, através da mídia corporativa, de que a economia pode estar crescendo acima do seu potencial, com risco inflacionário embutido. E que não há os ganhos de produtividade necessários para que seja mantido o ritmo de crescimento de maneira sustentável.
Por outro lado, essas vozes omitem que a inflação, embora esteja sob controle, tem sido pressionada não pelo consumo das famílias, mas pela alta do dólar e pelos juros elevados do BC, ambos manipulados pelo próprio mercado. Também escondem os efeitos dos fatores climáticos nos preços dos alimentos.
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Também é fora da realidade das análise pessimista sobre ganho de produtividade. Conforme os dados da Produção Industrial, divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE, a produção de bens de capital – máquinas, equipamentos, instalações, entre outros – continua crescendo fortamente e avançou 1,6% em outubro frente a setembro e 15% na comparação com o mesmo mês do ano passado, reflexo direto da alta dos investimentos na produtividade.
Especulação
A verdade é que esses argumentos são sempre usados pela Faria Lima para pressionar o Banco Central a elevar ainda mais a taxa básica de juros (Selic), hoje já no patamar extorsivo de 11,25%, favorecendo apenas a multiplicação dos lucros da especulação financeira.
Em uma postagem na rede social X, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou a postura especulativa e sabotadora do mercado, que cada vez mais arroga para si as decisões sobre os destinos do país.
“PIB do trimestre, com alta de 0,9%, volta superar expectativas e sustenta projeção do governo de crescimento acima dos 3% no ano. Economia do país, segundo o IBGE, segue se beneficiando dos investimentos, mercado de trabalho fortalecido e consumo das famílias, ou seja: tudo que os “especialistas” da mídia e os senhores do mercado consideram nocivo e querem destruir com os juros reais mais altos do planeta”, afirmou a parlamentar.
“Deviam estudar mais e especular menos, para o bem do Brasil. E deixar o presidente Lula em paz para reconstruir o país”, acrescentou Gleisi.
“Agentes do mercado odeiam Lula”
A presidenta do PT também ironizou uma pesquisa Genial Quaest que foi divulgada nesta nesta quarta-feira (4) mostrando que 90% do mercado financeiro têm avaliação negativa do governo Lula.
“Quest faz pesquisa para mostrar que os agentes do mercado odeiam Lula, mesmo abocanhando 6% do PIB em juros da dívida pública (4 anos de Bolsa Família), num governo em que o Ibovespa já cresceu mais de 20% e suas ações da Petrobrás valorizaram 140%, com o PIB crescendo 3% dois anos seguidos. Com esses dados na mão e explicando que as ‘expectativas’ dessa gente é que fazem explodir os juros e disparar o dólar, seria legal a Quaest fazer pesquisa sobre o que a população pensa do mercado e seus agentes”, disse a parlamentar.
“Investimento sobe quando a economia cresce”
Já o colunista João Paulo kupfer, do UOL, desmontou o argumento de que o elevado patamar da dívida pública, impulsionado pelos juros altos, inibe investimentos.
“O fato é que a radiografia do desempenho do PIB no terceiro trimestre contradiz a teoria segundo a qual o impulso fiscal positivo, ao pressionar a dívida pública, produz aversão ao investimento. Na verdade, dependendo da situação, o investimento sobe quando a economia cresce, sem tanta preocupação com a relação entre a dívida pública e o PIB”, escreveu o jornalista, em artigo intitulado ‘PIB dá surra na teoria de que dívida pública alta inibe investimento’, publicado na terça-feira (3).
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Da Redação