Em discurso sóbrio, Kamala focou nos indecisos e apresentou-se como unificadora
Em apenas um mês, Kamala Harris conseguiu o impensável: transformou a narrativa da eleição e refez rapidamente a unidade de um partido que estava dividido e caminhando para um desastre nas urnas. Mais do que os delegados que lotaram o estádio do Chicago Bulls, ela focou nos eleitores indecisos e independentes que assistiam pela TV ao discurso de aceitação como candidata democrata à Presidência dos EUA.
A ascensão repentina da vice-presidente americana catapultou o adversário Donald Trump para a defensiva, reduzindo sua campanha a insultos e mentiras. Kamala se apresentou como unificadora, tal como fez Biden na mesma posição, quatro anos atrás, ao encerrar a convenção democrata.
Ela imprimiu um estilo próprio — o da sobriedade, repleto de referências patrióticas. Foi direta e concisa, diferentemente de Trump, que se perdeu em frases desconexas na convenção republicana em Milwaukee.
Nas palavras da candidata, o claro recado ao adversário, a quem fez questão de nomear diversas vezes como ameaça ao país: ela prometeu ser uma presidente que lidera e escuta, que é realista, prática, tem bom senso e luta pelo povo americano. “Do tribunal à Casa Branca, esse tem sido o trabalho da minha vida”, assegurou.
Boa parte do discurso foi dedicada a expor suas diferenças em relação a Trump e ao perigo que um segundo mandato do ex-presidente representaria para os americanos. “Imagine Donald Trump sem barreiras de proteção”, ponderou, referindo-se à decisão da Suprema Corte que assegurou a imunidade aos processos criminais.
Aos críticos — especialmente Trump — que a retratam como uma candidata vazia e pouco inteligente, Kamala ofereceu uma amostra da bagagem adquirida nos últimos quatro anos como vice-presidente de Biden.