Conheça o Humaitá, novo submarino do Brasil que poderá ficar até cinco dias imerso no mar

A Marinha do Brasil lança na manhã desta
sexta-feira o mais novo submarino que será transferido para o Setor Operativo
da Força Naval. O “Humaitá”, em construção desde 2008, será o segundo dos quatro
submarinos com propulsão diesel-elétrica previstos no Programa de
Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), da Classe “Riachuelo”, em parceria com
o governo da França.
O gigante dos mares tem 71,6 metros de comprimento,
6.2 metros de diâmetro e pode acomodar uma tripulação de até 35 pessoas, sendo
oito oficiais e 27 praças. Até o lançamento do “Riachuelo”, primeira embarcação
lançada no PROSUB, o Brasil tinha apenas os submarinos da classe Tupi para
atuar sob as águas.
As cinco unidades foram
compradas da Alemanha, nos anos 1980. Mas, hoje, além das diferenças de
performance em relação aos novos — a profundidade máxima da classe Tupi, por
exemplo, é de 270 metros, contra 300 metros dos novos —, algumas das
embarcações antigas foram submetidas a longos períodos de inatividade para
manutenção.
Entre outras
curiosidades sobre o “Humaitá”, a embarcação pode deslocar pela superfície até
1.710 toneladas, e 1.870 quando está submerso. A velocidade máxima é de cerca
de 37 quilômetros por hora, com capacidade de ficar até cinco dias sem voltar à
superfície. Para aguentar a operação, o submarino tem um sistema de geração de
energia baseado em quatro motores a diesel e outros quatro geradores.
Para as situações de
crise, em que o submarino precisa operar em modo de combate, os marinheiros
poderão contar com um sofisticado sistema de sensores acústicos, radares, de
guerra eletrônica, eletro-ópticos e óticos. Além desses equipamentos, o
submarino também carrega armas mais tradicionais: são seis tubos capazes de
lançar torpedos, mísseis antinavio e minas.
Apesar de se inspirar em um submarino francês, o
modelo brasileiro foi adaptado para a navegação na costa de um país com
dimensões continentais, como o Brasil. O europeu Scorpene, na versão
brasileira, é mais longo, o que amplia seu tempo máximo de operação contínua em
relação ao modelo original, que passa de 50 para 70 dias.
Apesar de estrear oficialmente na frota da Marinha
nesta sexta, o “Humaitá” já está em águas brasileiras desde março de 2023. A
embarcação passou por um rigoroso período de testes, que incluíram testes de
imersão dinâmica e de imersão em grande profundidade, no litoral do Rio de
Janeiro.
Segundo a Marinha, os testes são etapas
fundamentais do processo construtivo e de treinamento da tripulação do
submarino, possibilitando avaliar não só a capacidade de mergulhar em
segurança, mas também o nível de prontidão da tripulação do submarino.
O futuro é
nuclear
Um terço de todo investimento bilionário do PROSUB é direcionado
ao desenvolvimento do chamado SN-BR, o primeiro submarino de propulsão nuclear
do Brasil, um tipo de equipamento que integra a frota de um seleto grupo de
nações, como Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia.
Com a
maior expectativa dos militares, no entanto, o submarino armado com propulsão
nuclear (SCPN) é o que apresenta maior desafio tecnológico para o Brasil, já
que a tecnologia nuclear não contará com a transferência francesa — ou seja,
terá que ser desenvolvida integralmente no Brasil.
Isso acontece porque esse tipo de tecnologia é
"cheia de restrições", em razão de tratados internacionais, além de
esbarrar também em restrições orçamentárias e financeiras.
Entre as diferenças mais importantes, além da
velocidade, enquanto o S-BR fica submerso por um pouco mais de dois meses, o
SN-BR poderá ficar em operação por tempo indeterminado. A estimativa é que
missões com esse tipo de equipamento possam ocorrer por até um ano.
Além dos desafios orçamentário e técnico, como
manter um reator nuclear em alta profundidade, com controle de ruído, pressão e
temperatura, o submarino nuclear enfrenta outros obstáculos como barreiras para
aquisição de componentes essenciais.
Programa
PROSUB
Criado em 2008, ainda durante o governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), o Prosub é fruto da parceria estabelecida entre o
Brasil e a França e tem o propósito de ampliar a capacidade de proteção da
chamada Amazônia Azul, área marítima com dimensões de 5,7 milhões de km2.
O
programa previa investimento total de R$ 37,1 bilhões, incluindo os quatro
submarinos de propulsão convencional — com motores diesel-elétricos de
fabricação francesa — e a quinta embarcação de propulsão nuclear, com previsão
de entrega somente em 2031.
Além
dos cinco submarinos, o Prosub prevê, também, a construção de infraestrutura
necessária para a operação e manutenção dos navios, composta por uma Unidade de
Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), um Estaleiro de Construção (ESC) e
outro de Manutenção (ESM), uma Base Naval, um elevador de navios e oficinas
equipadas no estado da arte.