Notas falsas, e-mail para farmacêutica: Polícia Federal descobre mais detalhes do caso Renato Cariani

Notas falsas, e-mail para farmacêutica: Polícia Federal descobre mais
detalhes do caso Renato Cariani
Influencer e
fisiculturista é investigado por suposta venda de produtos químicos para traficantes;
PF descobriu suposto intermediário.
Notas falsas, e-mail para
farmacêutica: Polícia Federal descobre mais detalhes do caso Renato Cariani
O fisiculturista e
influenciador Renato Cariani foi alvo de uma operação policial
esta semana. Segundo a PF, Cariani usou o nome de
grandes empresas para maquiar um esquema de venda de produtos químicos para a
fabricação de drogas.
O Fantástico detalha a investigação e revela: a empresa de Renato já havia sido citada no depoimento de um
traficante condenado em 2016.
Cariani tem mais de 7,5 milhões de seguidores em
apenas uma rede social. Na internet, ele sugeria suplementos como whey protein
e creatina, mas segundo as autoridades, secretamente ele vendia produtos para a
fabricação de crack e cocaína.
As investigações da PF
mostraram que a Anidrol, empresa de Diadema (SP) da qual Renato se tornou sócio
em 2008, vendeu produtos químicos controlados para o tráfico mascarando esses desvios como se tivessem sido transações
legais com grandes indústrias químicas.
A polícia fez uma estimativa
desses repasses para o crime, considerando apenas as transações fictícias para
uma dessas empresas. Segundo a investigação, a Anidrol vendeu:
·
três tipos de solventes - os 2.050
litros no total podem produzir 1.640kg de cocaína
·
substâncias em pó que podem servir
para adulterar a mesma droga e poderiam produzir 15,8 toneladas da droga
·
4.875kg de fenacetina, que podem
gerar 12,2 toneladas de crack
A empresa Anidrol chamou a
atenção da Receita Federal em 2015, com duas notas emitidas
para a a AstraZeneca. A multinacional, no entanto, disse que os produtos
referentes às notas jamais ingressaram em suas dependências e que nem compra a
substância de um fornecedor nacional.
E para onde ia todo esse
material? De acordo com as autoridades, para as mãos do tráfico. Em outra investigação, em
2016, a Polícia Civil encontrou produtos da Anidrol com um traficante.
Ao ser investigado pela Polícia
Civil no caso das notas falsas, Cariani apresentou uma troca de e-mails com um
suposto representante da AstraZeneca - Augusto Guerra, que assinava como
diretor nacional de compras da multinacional - e afirmou ainda, em 2021, que
chegou a se encontrar com um representante da farmacêutica.
O inquérito nunca chegou a descobrir quem seria Augusto
Guerra e foi arquivado no início deste ano, mas a Polícia
Federal descobriu que quem fazia os pagamentos das
notas eram pessoas diretamente ligadas a um amigo de Renato Cariani chamado
Fábio Spinola.
Segundo as investigações, foi Fábio quem criou o e-mail falso
do personagem Augusto Guerra. Os dados estavam no celular dele, além de dois
recibos bancários de pagamento da criação desse email.
Fábio foi alvo da Operação
Downfall, em maio deste ano, que desarticulou uma organização de tráfico
que usava mergulhadores para colocar droga no casco de navios. Ele
foi solto em novembro e, na operação dessa semana, foi encontrado com
tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro em sua casa.
A defesa de Fabio Spinola disse
que o inquérito tramita em segredo de justiça, mas destacou que o cliente é
inocente.
Já a defesa de Renato Cariani,
também procurada pelo Fantástico, disse
que ele prefere se manifestar pelos seus próprios canais nas redes
sociais. O depoimento dele à Polícia Federal está agendado para esta segunda-feira (18).