Efeito Lula: 60% dos brasileiros estão otimistas com o país em 2024

Efeito Lula: 60% dos brasileiros estão otimistas com o país em 2024

Segundo pesquisa RADAR FEBRABAN, para 49% o país está melhor do que no ano passado, maior percentual da série histórica

Agência Brasil

Segundo a Febraban, a expectativa dos brasileiros para o próximo ano é melhor do que no final de 2022

A mais recente pesquisa RADAR FEBRABAN sinaliza que o presidente Lula está certo quando repete uma de suas frases preferidas, sobre uma meta perseguida com compromisso pelo governo: “o povo brasileiro vai voltar a sorrir”. O levantamento mostra que a população termina 2023 mais otimista em relação ao próximo ano e à evolução do país nos últimos doze meses. Já a aprovação do governo Lula se mantém em 51%.

Realizada entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro, com 2 mil pessoas nas cinco regiões do país, pelo IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), a pesquisa mapeou as expectativas dos brasileiros sobre este ano e o próximo, tanto em relação à vida pessoal, quanto em relação à política e à economia do país.

Os resultados mostram, por exemplo, que quase seis em cada dez entrevistados (59%) acreditam que o Brasil vai melhorar em 2024, quatro pontos a mais que no mesmo período de 2022 (55%), às vésperas da posse do governo Lula. Quanto aos pessimistas, esse contingente recuou nove pontos, de 26% para menos de um quinto agora (17%).

Para cerca de metade (49%) dos brasileiros o país está melhor do que no ano passado, maior percentual da série histórica no intervalo de 12 meses e que representa um salto de dez pontos em relação a dezembro de 2022. Já a avaliação de que o país está igual foi de 25% para 30% nesse período; e os que identificam piora caíram de 34% para 20% nos últimos doze meses.

Vida familiar

Em relação à sua vida e da família em 2024, a perspectiva de melhora é elevada (74%), mesmo número de dezembro/2022. Aqueles que não vislumbram mudanças passaram de 11% para 14%, enquanto os que creem em piora oscilaram de 10% para 9%. A parcela daqueles que declararam melhoria de vida em 2023 subiu três pontos na comparação com dezembro de 2022 (de 43% para 46%).

Ainda conforme a pesquisa, um pouco mais que a metade dos entrevistados (51%) aprova o governo Lula, mesmo percentual registrado na primeira onda do RADAR de 2023, em fevereiro. Por sua vez, a desaprovação cresce de forma mais regular, aumentando seis pontos nesse período, chegando agora a 42%.

Os maiores níveis de aprovação ao governo no momento, são verificados no segmento feminino (55%), na faixa etária de 18 a 24 anos (54%), nas camadas de menor escolaridade (59%) e menor renda (55%).

Em três regiões a aprovação supera a desaprovação – Norte (48% x 47%), Nordeste (60% x 33%) e Sudeste (48% x 44%); e em duas ocorre o inverso – Centro-Oeste (44% x 47%) e Sul (43% x 48%).

“Os resultados desta edição de dezembro refletem o balanço positivo de 2023 e o otimismo com a chegada do novo ano. Isso está em linha com a melhora da percepção sobre sua vida pessoal, o que se pôde ver, por exemplo, com menor expectativa de inflação e a queda na perspectiva de endividamento, para o que deve ter contribuído o Programa Desenrola, apoiado pelos bancos”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

Citado pelo analista, o Desenrola Brasil, uma das promessas do presidente Lula, já permitiu, desde que foi criado, em meados de julho, que 10,7 milhões de brasileiros ficassem com o nome limpo através da renegociação de um total de R$ 29 bilhões em dívidas

Ainda segundo Antonio Lavareda, “o sentimento das pessoas oscilou ao longo do ano, o que é natural, mas terminar o ano olhando para a frente com melhores expectativas pode ajudar a influenciar de forma benigna 2024”.

Seguem mais resultados do levantamento

Inflação

A opinião de que os preços aumentaram ou aumentarão muito registrou queda de 25 pontos entre o levantamento de dezembro de 2022 (79%) e o atual (54%), tomando-se como referência, em cada rodada, o intervalo dos últimos seis meses. Paralelamente, os que apontam diminuição da inflação passaram de 10% para 24% no mesmo período, e a parcela que enxerga estabilidade dos preços praticamente dobrou, indo de 11% para 20%.

Projeções

As projeções sobre os indicadores acompanhados pelo RADAR FEBRABAN apresentam pequenas oscilações, indicando que, ao lado do otimismo, há também dose de cautela quanto ao rumo da economia brasileira no futuro próximo:

• Impostos: a expectativa de aumento dos impostos termina o ano em 55% – o maior percentual foi em abril (59%), e o menor em junho e setembro (53%).

• Taxa de juros: em consonância com os recentes cortes na Selic promovidos pelo Copom, a expectativa de aumento dos juros diminuiu dois pontos (46%) comparativamente a dezembro de 2022 (48%).

• Inflação e custo de vida: a projeção de aumento manteve-se praticamente a mesma entre dezembro de 2022 (45%) e dezembro de 2023 (46%).

• Desemprego: o receio de aumento do desemprego era declarado por 31% em dezembro do ano passado, oscilando agora para 34%.

• Acesso ao crédito: em dezembro de 2022, 40% acreditavam que ia aumentar. Esse número varia para 43% agora.

• Poder de compra: a expectativa de melhoria do poder de compra da população subiu de 36% para 39% de dezembro de 2022 até o momento.

Juros altos

Como se percebe na pesquisa, Lula tem cumprido a promessa de reconstruir o país e de trabalhar para que os brasileiros tenham melhores condições de vida, após a tragédia social e econômica promovida por Jair Bolsonaro. São ações que resultaram, entre outros avanços, na queda da inflação, no recuo recorde do desemprego e no aumento da renda média dos trabalhadores.

Todos esses fatores contribuem para o aumento das vendas do comércio e consequente reaquecimento da economia, mas o setor produtivo reclama que o cenário poderia ser muito melhor se não fossem as amarras impostas pelo patamar extorsivo da taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,25% ano – o que faz com que o Brasil tenha os maiores juros reais do mundo.

No último sábado (9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, questionou qual seria a justificativa para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a Selic em níveis tão elevados em um cenário de depreciação do dólar frente ao real e de inflação em queda.

A última reunião do ano do Copom, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, começa na terça-feira (12), e é grande a expectativa para que haja um aumento no ritmo de corte da Selic, que tem sido feito a conta gotas.

Da Redação

Categoria:Destaques